quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Confessionário IV - Saboneteira

Tem uma época na escolinha que somos encorajados a acumular alimentos para a organização de uma festa ou algo assim, e para motivação global da criançada, é oferecido um prêmio para a sala de aula que arrecadar mais (normalmente é uma viagem para os vencedores, mas já houve casos de pontos na nota em algumas matérias).
É aqui que aparece uma palavra que eu odeio: PRENDA, seguida da mais abominável de todas: COLABORAÇÃO!
Uma vez brincando numa das barracas (eu nunca gastava dinheiro, com raríssimas excessões), é claro que eu só iria brincar uma vez e teria que ser na melhor barraca, então escolhi a pescaria (ali eu teria lucro pois sairia com um brinquedo). Um amiguinho tinha acabado de passar por ali com uma bola e isso me encorajou, e lá fui eu com meu dinheiro e paguei para pescar... demorei um certo tempo, pois a grana teria que valer a pena e, enquanto escolhia cuidadosamente meu peixinho, passou por ali um outro coleguinha, que chamaremos aqui pelo nome fictício de Igor, todo saltitante com uma saboneteira que tinha acabado de ganhar. Isso me deu um certo medo de pescar uma saboneteira também, já que o premio era surpresa e dependia do numero que o peixe carregasse na barriga, mas lá fui eu e puxei um peixão enferrujado, com cara de quem nada tem a ver com saboneteiras.
Não deu outra... peguei uma saboneteira amarela horrorosa... foi aí que eu baixei o meu trauma3.exe, o pior dos traumas até agora, pois ele me acompanha até os dias de hoje. Este maltido vírus me impede de aceitar qualquer tipo de derrota, mas eu estou trabalhando nisso (procurando parar de perder, é claro).
-Eu não quero essa droga de saboneteira! - gritei, na fúria de meus 8 aninhos, a ponto do vendedor ficar sem graça, olhar para os lados e me perguntar baixinho: -M-M-Mas então, o que você quer afinal? - disse isso desmoronando o sorriso que exibia ao me presentear com a saboneteirinha.
-Eu quero bola! - nunca pensei que fosse dizer isso... eu sempre fui terrível jogando bola, e nunca me importei. Taí uma coisa que eu nunca quis saber, jogar bola não é mesmo pra mim, mas antes que eu tomasse consciência do que havia dito a minha mão segurava uma bola branca e plastificada e eu estava indo para o pátio, para desfrutar meu brinquedo.
Imagino que pedi a bola por influência do carinha que passou segurando uma enquanto eu decidia onde brincar.

Mas aguardem... no próximo confessionário vem a minha terrível vingança contra as palavras "colaborar" e "prenda".

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